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Livros Proibidos: Decameron, por José Tolentino Mendonça

Decameron, cujo título significa contos de dez dias, é uma coletânea de cem  contos, escritos entre 1348 e 1353, cujo registo é intemporal, não só por ser um retrato do cenário cultural e social onde historicamente se insere, fornecendo-nos uma leitura e olhar crítico e realista de determinados atores do mundo, mas por falar desse lugar, tantas vezes descrito, onde se realiza o humano. As criaturas retratadas são, de um modo geral, simbólicas, fruto da sua imaginação e originárias dos mais variados estratos sociais. Contudo o criador e cantor destas figuras não as apresenta com um olhar reprovador ou julgador, mas vestidas de toda a humanidade e simpatia. Durante séculos este livro foi alvo de perseguição e crítica, classificado como erótico e satírico, justamente, por descrever este lugar da humanidade sem contemplações, com absoluto realismo e expondo as fraquezas e contradições da natureza humana. Tal postura literária acabaria por ser considerada, à época, uma heresia.
 

De profundo espírito humanista, amígo e discípulo de Petrarca, Boccaccio tornou-se um dos maiores símbolos da literatura universal, um leitor e observador da alma dos homens, dos seus sentimentos e contradições…
 

Com José Tolentino de Mendonça. A moderação é de Ricardo Costa

 

Guião de Leitura sobre a obra Decameron de Boccaccio

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Livros Proibidos: Dinossauro Excelentíssimo, por António Bagão Félix

Em Setembro os Livros Proibidos estão de regresso com um dos maiores autores de sempre, do mundo e da língua portuguesa. Dinossauro Excelentíssimo, é uma  fábula satírica de José Cardoso Pires que retrata a vida de Salazar e a ditadura do Estado Novo em Portugal. Foi escrito em Londres em 1970 e publicado pela primeira vez em 1972 pela Editora Arcádia.

 

As ilustrações são de Abel Manta que, naquela altura, aceitou participar nesta aventura sem hesitar Neste caso em particular, e apesar de o livro ter sido publicado ainda no regime fascista, é sempre um exemplo paradigmático das dialéticas da censura, presentes entre o poder político, os escritores e as editoras. O livro de Cardoso Pires, apesar de polémico e de constituir um dos retratos mais assertivos de Portugal suscitando uma vigilância encapotada, acabou por servir de exemplo na então Assembleia Nacional, de que a censura não existia em Portiugal e que a liberdade de expressão era uma realidade… Foi uma publicação consentida com um propósito político: silenciar! É o nosso autor que o confirma numa das muitas entrevistas que deu em vida…
 
Quando o Dinossauro saiu; regressei de Londres para estar presente ao lado do editor e do ilustrador no que viesse a acontecer mas, para assombro de todos nós, em vez da excomunhão que era de esperar, o livro ultrapassou a Censura e teve um acolhimento indescritível. Digo «ultrapassou» porque aconteceu aquele escândalo monumental na Assembleia Nacional, quando o professor Miller Guerra teve a coragem de afirmar que não havia liberdade em Portugal. Foi uma sessão histórica, um berro de heresia! O deputado ultrafascista Casal Ribeiro correu para Miller Guerra a espumar de raiva e para o desmentir citou como prova o infame Dinossauro Excelentíssimo que acabava de ser posto à venda em toda a parte. E, pronto, a partir daí a Censura ficou de mãos atadas. Já não podia apreender o livro que o deputado salazarista tinha citado estupidamente como demonstração da liberdade do regime, e, menos ainda, promover a prisão do autor. Simplesmente, e isso foi realmente um carnaval repugnante, uma vez que a censura oficial se viu impedida de atuar, apareceram as censuras voluntárias de alguns particulares.

 

 Pela voz de António Bagão Félix.

 

Guião de Leitura sobre a obra Dinossauro Excelentíssimo de José Cardoso Pires

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Livros Proibidos: Auto da Barca do Inverno, por Maria do Céu Guerra

A sessão dos Livros Proibidos de Junho realizou-se a 16, terça-feira, às 21h30. Em análise e como pretexto o Auto da Barco do Inferno, de Gil Vicente, numa conversa mais alargada que incluirá a chamada Trilogia das Barcas. Gil Vicente, dramaturgo português (1465?-1536?) que frequentou as cortes régias de D. Manuel I e D. João III, onde beneficiou da particular proteção de D. Leonor de Lencastre, compôs e fez representar nos meios áulicos cerca de meia centena de autos de diversa natureza e alcance estético, em português e em castelhano.

 

Quem era Gil Vicente? Esta pergunta, formulada vezes sem conta por estudiosos de várias gerações, permanece sem resposta fixa e credível. Existem muitos aspetos biográficos (o ser simultanemaente poeta e ourives da corte), da cultura e influências que o autor foi objeto, que permanecem na bruma.

 

O autor pela voz incontornável de Maria do Céu Guerra, atriz portuguesa conhecida do grande público, conhecedora e apreciadora de Gil Vicente.

 

Guião de Leitura sobre a obra Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente

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Livros Proibidos: Mein Kampf, por Ester Mucznick

Em Abril o projeto Livros Proibidos convoca um dos livros mais controversos e perigosos de sempre: A minha luta de Adolf Hitler. O primeiro volume foi escrito na prisão e editado em 1925, o segundo foi publicado no ano seguinte, já Hitler tinha sido libertado. Apesar da qualidade literária que se pode considerar duvidosa, constitui um retrato de um dos homens mais poderosos de sempre e um guião ideológico perturbador, que continua a alimentar movimentos como o neonazismo, de forma sacrossanta.

 

Durante muito tempo, nas últimas quase sete décadas sobre o fim da II Guerra Mundial, Mein Kampf continuou a ser proibido na Alemanha. Melhor dizendo, os exemplares que já existiam circulavam livremente, mas a obra não podia ser reimpressa, pelo que se tornava difícil de encontrar. Ou seja, os nazis queimaram livros na fogueira e reprimiram a cultura, mas o seu líder foi também vítima do tipo de silêncio que impôs quando estava no poder.

 

Curiosamente, foi publicado recentemente, pela Revista Visão, um artigo que refere que este livro vai deixar de ter direitos do autor (entrando no domínio público), podendo ser publicado por qualquer editora na Alemanha, uma notícia que deixou preocupadas as autoridades que não têm como controlar a publicação e a distribuição daquele que é, para muitos, o livro mais perigoso do mundo.

 

Uma conversa oportuna que vai ter como protagonista Esther Mucznik, socióloga, ensaísta, cronista e vice-presidente da comunidade Israelita de Lisboa. A moderação é de Ricardo Costa.

 

Guião de Leitura sobre a obra Mein Kampf de Adolf Hitler

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Livros Proibidos: A Brincadeira, por Zita Seabra

Em Março de 2015 o projeto Livros Proibidos propôs como obra para reflexão o incontornável Milan Kundera e a sua Brincadeira. A publicação deste primeiro romance, em 1967, acontece, justamente, nas vésperas da Primavera de Praga. O livro constitui basicamente a história de um reencontro, de uma vingança e de uma brincadeira ou provocação traduzida na afirmação “o otimismo é o ópio do género humano! O espírito são tresanda a estupidez! Viva Trotski!” escrita num postal dirigido a uma mulher. O papel acaba nas mãos dos dirigentes do Partido Comunista que o acusam de trotskista, cínico e subversivo. Um retrato crítico e mordaz da imprevisibilidade, brincadeira e equívocos gerados, não só nas relações humanas, mas também na história. Após a invasão de 1968 todos os seus livros foram proibidos e banidos das livrarias e das bibliotecas.

 

Humanista, pensador da liberdade, fragilidade e condição humana e da sua finitude perante os caprichos do devir histórico, os livros de Milan Kundera são obrigatórios como arma de combate a todos os sistemas políticos repressores e fundamentalistas.

 

Nesta sessão propomos o livro e o autor pelo olhar de Zita Seabra, uma das figuras da política portuguesa, foi ilustre parlamentar, dedicando-se, atualmente, à função de editora na conhecida editora Aletheia. A moderação é de Ricardo Costa.

 

Guião de Leitura sobre a obra A Brincadeira de Milan Kundera

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Livros Proibidos: Os Versículos Satânicos, por Anselmo Borges

Em Fevereiro de 2015 é dada continuidade ao projeto Livros Proibidos, mantendo a regularidade mensal. O horizonte temático desta segunda edição é Livros Proibidos na Religião. Estados Laicos, Estados Fundamentalistas. Na abordagem que se pretende efetuar o conceito religião deverá ser perspetivado no sentido amplo enquanto sistema totalitário e fundamentalista. A política dos mercados e a estratégia economicista da Europa, por exemplo, é a nova religião dos Estados totalitários Europeus. Mas não só, os vários fundamentalismos, terrorismos religiosos que habitam e sempre habitaram o mundo, bem como o reaparecimento do Estado Islâmico ou Novo Califado. A escolha do tema é, por isso, perfeitamente atual e está na ordem do dia. A divisão entre Estados Laicos e Estados Fundamentalistas, uma das grandes questões políticas do nosso e de todos os tempos, permite diversificar e ampliar o leque e recuperar textos de períodos históricos e literários diferentes.

 

Começamos justamente, com Os Versículos Satânicos, de Salman Rushdie, um título controverso que apresenta uma crítica satírica contra Maomé e contra os tabus do islamismo. A reação foi tão violenta por partes dos países muçulmanos que determinaram pena de morte ao autor que se viu obrigado ao exílio por blasfémia contra o Islão e apostasia.

 

Por Anselmo Borges, professor universitário, cronista, teólogo e pensador do mundo. Moderação de Ricardo Costa

 

Guião de Leitura sobre a obra Versívulos Satânicos de Salman Rushdie

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Livros Proibidos: O Triunfo dos Porcos, por Ana Drago

O insuperável O Triunfo dos Porcos (Animal Farm, no original), de George Orwell é a obra que fecha em Dezembro 2014, a primeira edição do ciclo Livros Proibidos. Começamos, em Fevereiro, com a visão de Steinbeck sobre o totalitarismo capitalista e fechamos em Dezembro com a visão Orwelliana do totalitarismo estalinista.

 

Este romance satírico foi publicado na Inglaterra em 1945, em plena Segunda Guerra Mundial, sendo proibido exatamente neste período pelo facto de Estaline ser um dos aliados Britânicos na luta contra o Nazismo. Contudo, e pelo forte pendor político, foi sempre alvo de censura em diversos países do mundo, nomeadamente, nos regimes comunistas.

 

Trata-se de uma parábola sarcástica da Revolução Russa de 1917 e dos seus resultados, procurando veicular uma reflexão: a de que o novo regime, o de Estaline, é tão tirânico como o seu percursor czarista e de que a Revolução Bolchevique, tal como a Revolução Francesa em 1789, acabariam depostas por novos ditadores! Uma crítica feroz ao poder e às culturas totalitárias, quer tenham o rosto de Napoleão, quer tenham o rosto de Estaline.

 

O autor pela voz de Ana Drago. A moderação é de Maria Flor Pedroso.

 

Guião de Leitura sobre a obra O Triunfo dos Porcos de George Orwell

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Livros Proibidos: Guerra do Fim do Mundo, por Rui Ramos

Em Novembro de 2014 convocamos um dos nomes que foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 2010, autor de uma das obras mais polémicas do século XX: Mário Vargas Llosa e A Guerra do Fim do Mundo, um romance marcante na sua trajetória pessoal e literária.

 

Mário Vargas Llosa nasceu em 1936, no Peru. Professor Universitário, académico e político, é uma personalidade intelectual de grande vulto e um dos mais importantes escritores da América Latina e do Mundo. Este escritor peruano viu vários exemplares das suas obras e artigos sobre o Governo de Cuba queimados. Nesta obra em particular são denunciadas as estruturas de poder vigentes na América Latina, razão suficiente para ser alvo de censura e perseguição. Foi lançada em 1981 e retrata o famoso massacre de Canudos no Brasil, numa abordagem crítica, cómica e carnavalesca, utilizando, para tal, a arma mais poderosa do pensamento: o sarcasmo e a ironia.

 

Esta caracterização foi o principal motivo que deu origem a críticas e posturas polémicas, rotulando este romance como uma obra sem lógica, uma mera condenação ideológica de fanatismos, incluindo o religioso. Uma obra polémica pela temática que lhe serve de horizonte e pela forma particular como é abordada.

 

Sobre isso mesmo nos falará Rui Ramos. A moderação é de Maria Flor Pedroso.

 

Guião de Leitura sobre a obra Guerra do Fim do Mundo de Mario Vargas Llosa

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Livros Proibidos: O Amante de Lady Chatterly, por Paula Moura Pinheiro

Em Outubro tivemos mais uma sessão dos Livros Proibidos com O Amante de Lady Chatterly, de D. H. Lawrence. Devido à importância que atribuiu à paixão amorosa nos seus livros onde, muitas vezes, inclui as meticulosas descrições do amor físico, o autor britânico D. H. Lawrence foi causador de acesa controvérsia, no seu tempo. Mais tarde passou a ser visto como alguém que revolucionou a prosa ficcional no século XX. Em 1928, já radicado em Florença, Lawrence publicou o seu mais célebre romance O Amante de Lady Chatterly alvo de sucessivas proibições e cujo texto integral só veio a público em 1959, em Nova Iorque.

 

A obra incide sobre o relacionamento amoroso entre a mulher de um aristocrata inglês e um guarda-florestal da propriedade. O autor defende abertamente a liberdade sexual como condição essencial para a felicidade, atacando simultaneamente e de forma frontal as convenções sociais. O escritor nasceu em Eastwood, Reino Unido, em 1885 e veio a falecer aos 44 anos após publicação do romance, sem chegar a ver a obra publicada no seu país de origem. Na verdade todos os seus textos envolveram sempre alguma polémica relativa às questões de publicação na pudica Inglaterra, herdeira da moral vitoriana na primeira metade do século XX. Não só foi destruída como não pode ser vendida durante muitos anos pelo seu caráter erótico, da livre vivência do corpo e da sexualidade. Para além disso, coloca a questão da paridade e da igualdade de direitos entre os géneros.

 

D. H. Lawrence pela voz e o conhecimento da jornalista Paula Moura Pinheiro. A moderação foi de Maria Flor Pedroso.

 

Guião de Leitura sobre a obra O amante de Lady Chatterly, de D. H. Lawrence

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Livros Proibidos: Capitães da Areia, por Mário Soares

Em Setembro regressaram os Livros Proibidos com Capitães da Areia, de Jorge Amado. Trata-se do livro do autor mais vendido no mundo inteiro. Publicado em 1937, teve a sua primeira edição apreendida e queimada em praça pública, pelas autoridades do Estado Novo. Em 1944 conheceu nova edição e desde então sucederam-se as edições nacionais e estrangeiras e as adptações para a rádio, televisão e cinema.

 

Jorge Amado descreve, em páginas de grande beleza e dramatismo, a vida dos meninos abandonados nas ruas de São Salvador da Baía. Jornalista, escritor, político ativo, o nosso autor é ilustre representante da segunda fase do modernismo do Brasil, caracterizada pelos chamados romances regionalistas ou crónicas de costumes. Sofre da acusação frequente que as suas narrativas, embora com argumentos sólidos, bem construídos, possuem uma textura formal pobre. Divide a crítica entre aqueles que consideram que “escreve mal” e os que afirmam que “escreve bem”.

 

 O escritor pelo olhar de Mário Soares, personalidade da vida pública e política que  dispensa apresentações. Falará de Jorge Amado, um homem que conheceu bem e cuja relação de amizade e cumplicidade é sobejamente conhecida.

 

Guião de Leitura sobre a obra Capitães de Areia de Jorge Amado

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