Pablo Neruda e o seu Canto Geral são os protagonistas de Junho. Concebido como Canto Geral do Chile, ou mais precisamente, como uma obra de contornos épicos que abarcasse toda a geografia e história do Chile e as suas repercussões no homem, este livro iniciado em 1938, viria a transformar-se, com o tempo, num Canto Geral da américa. Obra escrita na sua maioria na clandestinidade, é a mais representativa do autor que a construiu e forjou numa espécie de nomadismo constante, em busca da sua forma final. Metáfora da sua própria vida e das causas e convicções que abraçou. Foi objeto de inúmeras perseguições de líderes políticos, especialmente, no Chile e na Argentina. As suas obras foram censuradas e banidas. A 1º edição do Canto Geral (de tiragem restrita e numerada, com ilustrações de Diego Rivera e David Siqueiros) foi publicada no México, em 1950, logo de seguida, no mesmo ano, numa edição clandestina no Chile.
Foi poeta, diplomata, homem de palavra, exilado da sua pátria, viajante do mundo. A sua passagem por Espanha representaria um período importante da sua vida. Amigo de Garcia Lorca e Miguel Hernández ( a cuja execucção e prisão assistiu), o sangue nas ruas da então Guerra Civil Espanhola contribuíram para a sua maturidade poética e para a consolidação das suas opções políticas. Regressaria ao Chile em 1938, com um grupo de refugiados espanhóis. Tal atitude seria responsável por um novo desterro, desta vez no México ond se dedicou intensamente à produção de poesia. Em 1943 regressaria, uma vez mais, ao Chile, sendo recebido como um herói pelos seus conterrâneos. Nos anos seguintes dedicar-se-ia à causa pública chilena, mantendo um papel político ativo. Contudo nunca abandonou a escrita.
E porque de poesia se trata, dessa dimensão outra de dizer e predicar o mundo, convidámos o músico, poeta e letrista Pedro Abrunhosa para connosco cantar a alma de Pablo Neruda, esse espírito humanista e universal que mudou o outro com as suas palavras…
Guião de Leitura sobre a obra Canto Geral de Pablo de Neruda
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Em Maio de 2014 o projeto Livros Proibidos convocou um dos maiores vultos da cultura literária mundial: Jorge Luís Borges. A obra em análise é, justamente, História Universal da Infâmia, um livro sobretudo, polémico, mas também com episódios de censura. Desde logo em Portugal. Figura numa lista de 900 livros censurados pela polícia política do Estado Novo, elaborada por José Brandão e publicada pelo Expresso em 2012.
Jorge Luís Borges escreveu este conjunto de contos/relatos/biografias na sua juventude entre 1933 e 1934, dando a conhecer a história de vida de personagens que foram autênticos criminosos, assassinos e vigaristas ao longo dos tempos. Nascido em Buenos Aires, foi criado no Bairro de Palermo, num jardim e numa biblioteca de ilimitados livros ingleses. Borges pertence ao grupo de escritores que desde tenra idade tiveram a certeza de que os seus destinos iriam ser literários. Borges não é só um grande poeta, um fazedor e um verdadeiro mestre do conto, mas também um dos mais argutos e originais ensaístas do nosso tempo, sem esquecer a sua atividade de tradutor e antologista.
A voz do autor pela mão do escritor Pedro Mexia.
Guião de Leitura sobre a obra História Universal da Infâmia de Jorge Luís Borges
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Em 23 de Abril foi dada continuidade ao Ciclo de Livros Proibidos com O Evangelho segundo Jesus Cristo de José Saramago e que foi publicado em 1991. Trata-se de uma das mais polémicas obras do nosso autor, considerada blasfema e abusiva por alguns, os suficientes para o levarem ao autoexílio. José Saramago sempre alimentou uma relação difícil com a Igreja e os políticos católicos fervorosos. A imagem de Jesus Cristo, segundo um Evangelho reinventado e controverso, causa um verdadeiro vendaval em 1992. O então subsecretário de Estado da Cultura, António de Sousa Lara risca o livro da lista de concorrentes ao Prémio Literário Europeu. Considera-o contra o património religioso português. “Censura” e “ato brutal” acusa Saramago. O escritor parte para Lanzarote, nas ilhas Canárias, Espanha, profundamente zangado com quem assistiu impávido e sereno a este gesto.
Galardoado com o Prémio Nobel em 1998, a reconciliação com Portugal viria mais tarde. Mais de 20 anos depois da 1ª edição, este Evangelho é encarado com mais tolerância, mas continua a suscitar controvérsia. Uma visão polémica sobre Jesus Cristo, o Deus-homem. Um homem que viveu há mais de dois mil anos atrás e cuja singularidade e marca continua a alimentar leituras diversas e a ser objecto de reflexão. José Saramago também lhe dedicou o seu tempo e atenção. Com a qualidade e o questionamento literário de sempre.
Na data em que se celebra o Dia Mundial do Livro nada melhor do que acabar o dia numa conversa sobre um dos maiores autores da língua portuguesa, na agradável companhia de Frei Bento Domingues e com a moderação do incontornável Nicolau Santos.
Guião de Leitura sobre a obra O Evangelho segundo Jesus Cristo de José Saramago
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Em 19 de Março foi dada continuidade ao projeto Livros Proibidos com a obra Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Este romance publicado em 1932 tornar-se-ia num dos mais extraordinários sucessos literários nas décadas seguintes. O livro descreve uma sociedade futura alicerçada no progresso científico e material. Uma metáfora que retrata a era da técnica, desumanizada, sem lugar para a subjetividade que inclua emoções ou família. Velhice, decadência ou morte. A reprodução humana em laboratório e respetiva manipulação genética permite a classificação de uma sociedade dividida em castas. Indivíduos pdronizados que se convertem em bens de consumo. Corpos perfeitos, jovens, mediatizados e socialmente integrados, convivendo com proibições generalizadas, entre as quais, a leitura.
Anos mais tarde o sociólogo Jean Baudrillard aprofundará a discussão deste simulacro da sociedade pós-moderna. Um ambiente caracterizado pelo desaparecimento das ideologias, pelo excesso e a rapidez das informações, pela confusão entre o real e o imaginário e pela falta de limites.
Na utopia negativa descrita no livro, o Homem foi subjugado pelas suas invenções. A ciência, a tecnologia e a organização social deixaram de estar ao serviço do homem. É uma visão literária de uma das formas de totalitarismo, a tecnológica, que irá assombrar o século XX. A ausência de emoções e de subjetividade, com a consequente erradicação do amor, da família ou qualquer tipo de afeto, a defesa de uma sexualidade aberta e sem preconceitos, a apologia do belo e da eterna juventude, levou a que este livro fosse banido de inúmeras bibliotecas tantos nos EUA como na Irlanda. Uma visão do futuro pelo olhar de João Lobo Antunes.
Guião de Leitura sobre a obra Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley
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Em 19 de Fevereiro de 2014 teve inicio o projeto Livros Proibidos. Trata-se de um Ciclo de Conversas com nove sessões anuais, a realizar de Fevereiro a Dezembro de 2014 e que irá contar com a participação de três das figuras mais conhecidas do jornalisno e da televisão portuguesa no papel de moderadores. Falamos de Ricardo Costa, Nicolau Santos e Maria Flor Pedroso.
O objetivo é refletir sobre um dos temas mais transversais da história do livro e da leitura: a censura. Um tema que espelha apenas um problema comum e milenar: a natureza do Homem e das suas paixões. Assim, todos os meses teremos uma obra em análise que constitua um exemplo paradigmático de proibição na história do pensamento pela mão de um conjunto de prestigiados convidados e com a mediação e mestria de um dos nossos moderadores.
Começaremos com a Literatura no Século XX e uma das obras mais emblemáticas neste universo: As Vinhas da Ira, de John Steinbeck, editado em 1939, um épico sobre o sofrimento humano, situado temporalmente na Grande Depressão de 1929. Trata-se de uma das obras mais lidas e discutidas de um dos mais célebre escritores norte-americanos. A celeuma que este livro provocou nos Estados Unidos foi imensa e deu origem, inclusive, a investigações do FBI. Foi banido de dezenas de Bibliotecas (que apesar de serem os guardiões da memória, foram também, bastas vezes, protagonistas do processo de destruição de livros) e queimado na praça pública por populações indignadas. Contudo, todos estes factos não impediram que lhe concedessen o mais importante prémio literário que existe nesse país: o Prémio Pulitzer em 1940. Ganhou, ainda, elogios públicos da primeira-dama Eleanor Roosevelt e ficou imortalizado no cinema pela mão do inimitável John Ford. Steinbeck foi também galardoado com o Prémio Nobel em 1962.
Guião de Leitura sobre a obra Vinhas da Ira, de John Steinbeck