Em 23 de Abril foi dada continuidade ao Ciclo de Livros Proibidos com O Evangelho segundo Jesus Cristo de José Saramago e que foi publicado em 1991. Trata-se de uma das mais polémicas obras do nosso autor, considerada blasfema e abusiva por alguns, os suficientes para o levarem ao autoexílio. José Saramago sempre alimentou uma relação difícil com a Igreja e os políticos católicos fervorosos. A imagem de Jesus Cristo, segundo um Evangelho reinventado e controverso, causa um verdadeiro vendaval em 1992. O então subsecretário de Estado da Cultura, António de Sousa Lara risca o livro da lista de concorrentes ao Prémio Literário Europeu. Considera-o contra o património religioso português. “Censura” e “ato brutal” acusa Saramago. O escritor parte para Lanzarote, nas ilhas Canárias, Espanha, profundamente zangado com quem assistiu impávido e sereno a este gesto.
Galardoado com o Prémio Nobel em 1998, a reconciliação com Portugal viria mais tarde. Mais de 20 anos depois da 1ª edição, este Evangelho é encarado com mais tolerância, mas continua a suscitar controvérsia. Uma visão polémica sobre Jesus Cristo, o Deus-homem. Um homem que viveu há mais de dois mil anos atrás e cuja singularidade e marca continua a alimentar leituras diversas e a ser objecto de reflexão. José Saramago também lhe dedicou o seu tempo e atenção. Com a qualidade e o questionamento literário de sempre.
Na data em que se celebra o Dia Mundial do Livro nada melhor do que acabar o dia numa conversa sobre um dos maiores autores da língua portuguesa, na agradável companhia de Frei Bento Domingues e com a moderação do incontornável Nicolau Santos.
Guião de Leitura sobre a obra O Evangelho segundo Jesus Cristo de José Saramago
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