Em 19 de Março foi dada continuidade ao projeto Livros Proibidos com a obra Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Este romance publicado em 1932 tornar-se-ia num dos mais extraordinários sucessos literários nas décadas seguintes. O livro descreve uma sociedade futura alicerçada no progresso científico e material. Uma metáfora que retrata a era da técnica, desumanizada, sem lugar para a subjetividade que inclua emoções ou família. Velhice, decadência ou morte. A reprodução humana em laboratório e respetiva manipulação genética permite a classificação de uma sociedade dividida em castas. Indivíduos pdronizados que se convertem em bens de consumo. Corpos perfeitos, jovens, mediatizados e socialmente integrados, convivendo com proibições generalizadas, entre as quais, a leitura.
Anos mais tarde o sociólogo Jean Baudrillard aprofundará a discussão deste simulacro da sociedade pós-moderna. Um ambiente caracterizado pelo desaparecimento das ideologias, pelo excesso e a rapidez das informações, pela confusão entre o real e o imaginário e pela falta de limites.
Na utopia negativa descrita no livro, o Homem foi subjugado pelas suas invenções. A ciência, a tecnologia e a organização social deixaram de estar ao serviço do homem. É uma visão literária de uma das formas de totalitarismo, a tecnológica, que irá assombrar o século XX. A ausência de emoções e de subjetividade, com a consequente erradicação do amor, da família ou qualquer tipo de afeto, a defesa de uma sexualidade aberta e sem preconceitos, a apologia do belo e da eterna juventude, levou a que este livro fosse banido de inúmeras bibliotecas tantos nos EUA como na Irlanda. Uma visão do futuro pelo olhar de João Lobo Antunes.
Guião de Leitura sobre a obra Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley
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