Sebastião José de Carvalho e Melo

 

Quando Oeiras ainda era “Hueiras”, no tempo de D. Dinis, ninguém poderia imaginar que este pedaço de terra virado para o Tejo, se tornasse um dia nesta Vila enternecedora que deslumbra e acaricia quem cá vive e trabalha. Esta chegada ao presente é fruto de um passado dinamizador. Dinâmica que teve a sua maior força motriz na figura de Sebastião José de Carvalho e Melo, mais conhecido por Marquês de Pombal.

 

Para agradecer 20 anos de fidelidade ao trono, D. José l concede a Sebastião José de Carvalho de Melo o título de 1º Conde de Oeiras. Foi o início de uma Mudança, na então pequena terra de agricultores humildes. Para aqui residir, o Marquês não deixou por mãos alheias o seu bom gosto, mandando edificar o palácio de Oeiras, que constitui um dos belos solares da nossa arquitetura neoclássica. E não é de admirar o seu palácio se tivermos em conta o projeto por ele aprovado para Lisboa no pós-terramoto. Sem dúvida que abriu as portas da Modernidade a Portugal. A traça do palácio ficou a cargo de Carlos Mardel, seu colaborador na edificação de Lisboa. As linhas elegantes e sóbrias do estilo Pombalino caracterizam, o edifício que ainda hoje não passa despercebido, aqui bem no coração de Oeiras.

 

O “fidalgote dos Carvalhos da Rua Formosa” como era conhecido entre a nobreza que dele não gostava devido à sua origem familiar demasiado apagada, demonstrou um gosto pela Vila de Oeiras, que na altura não passava de um “pequeno e perdido” pedaço de terra com alguns habitantes.

 

Em 7 de Junho de 1759, D. José l elevou a povoação de Oeiras a vila, constituindo-se o concelho por Carta Régua datada de 13 de Julho de 1759. A elevação da pequena povoação da vila e a constituição do Concelho representam regalias atribuídas pelo rei ao Julgador de Oeiras, que passa a gozar de jurisdição própria e os seus moradores de privilégios e honras de outras vilas do reino. Desta forma, o rei agradou e presenteou o seu ministro Sebastião José de Carvalho e Melo.

 

Em consequência do terramoto de 1755 ter destruído grande parte de casa do Marquês de Pombal em Lisboa, ele mudou-se para Oeiras. Basta uma simples revisão histórica para percebermos a evolução desta localidade durante e após a vivência do Marquês em Oeiras.
O Marquês vive rodeado de uma sociedade culta, requintada, algures no “Século das Luzes”. Possui uma visão larga, horizontes que se estendem até aos mais civilizados países da Europa. Não podemos esquecer a sua estada em Londres e a sua missão diplomática em Viena de Áustria. 

 

Residindo em Oeiras decide, com o seu raciocínio límpido e drástico, aplicar no Morgadio de Oeiras as técnicas racionais de ordenamento dos espaços.

  

Com o Palácio e os Jardins da Quinta do Marquês, concluídos, fazem lembrar os jardins paradisíacos de Viena de Áustria, o Marquês recebe a 18 de Setembro de 1775 D. José l, que ai permanece a fim de tratar problemas de saúde próprios dos seus 60 anos. A fim de distrair a Rei, o Marquês organiza em 1776 a 1ª exposição agrícola e industrial do país, e talvez da Europa. A fina flor de Lisboa, os estrangeiros que então residem em Portugal, foram “obrigados” a admirar em Oeiras, a visão e obra do Marquês em prol da modernização do país. A feira teve enorme êxito mostrando, a quem quis ver, os progressos, que a nação fizera durante os últimos anos nos vários domínios da economia.

 

A construção do imponente palácio e a modulação dos terrenos anexos deram uma nova perspectiva à povoação de Oeiras. As intervenções urbanas também se verificam a nível do centro da vila. Ainda hoje são visíveis percursos, espaços e edifícios representativos do séc. XVIII.

 

O Marquês interessou-se por inúmeras causas da sociedade da altura, dando assim um impulso na melhoria da economia dos moradores de Oeiras. Exemplo disso é o famoso vinho de Carcavelos, que no Séc. XVIII melhorou de qualidade, tendo o Marquês interessando-se pelo néctar e sendo um dos seus principais produtores, o mesmo acontecendo com os cereais.
Como Aquilino Ribeiro escreveu: “A divisa do Marquês podia ser aquela: o útil ligado ao agradável. De facto, este homem, construtor por excelência, imprimiu profundo carácter em tudo o que foi obra sua…”.

 

E este carácter não foi esquecido, continuando a marcar esta Vila que ele distinguiu. É como que uma “relação” intemporal, que se estabeleceu entre Oeiras e o Marquês através de profundos laços que o tempo não apagou.

 

DATAS MARCANTES

 

A 13 de Maio de 1699
Nasceu Sebastião José de Carvalho e Melo

 

16 de Janeiro de 1723
Casa com D. Teresa Maria de Noronha

 

24 de Outubro de 1733
Sebastião José de Carvalho e Melo é eleito membro da Academia Real da História

 

1738
Início da carreira pública do futuro Marquês de Pombal

 

1 de Outubro de 1739
Professou-se na Ordem de Cristo

 

18 de Setembro de 1745
Casa-se em segundas núpcias com D. Leonor Ernestina Eva Josefa Wolfganga

 

15 de Janeiro de 1759
Nomeado Mordomo-Mor da Casa Real

 

6 de Junho de 1759
Decreto que reconheceu os 20anos de dedicação serviço ao Rei. Foi agraciado com o Reguengo de Oeiras e o título de Conde de Oeiras

 

11 de Janeiro de 1762
Posse de cargo de Inspetor-Geral do Tesouro

 

18 de Setembro de 1770
Atribuído a Sebastião José de Carvalho de Melo o título de Marquês de Pombal

 

23 de Fevereiro de 1777
O falecimento de D. José I determinou o fim da carreira política do Marquês de Pombal

 

8 de Maio de 1782
Faleceu Sebastião José de Carvalho e Melo

 

ROCHA, Carla – «Sebastião José de Carvalho e Melo: Conde de Oeiras 1699-1782». Conhecer Oeiras nº 1. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras, 2004